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  Ser uma mãe suficientemente boa: o cuidado que sustenta a vida psíquica Donald Winnicott, pediatra e psicanalista inglês, dedicou grande parte de sua obra a compreender algo essencial: como o cuidado molda o início da vida emocional . Em suas observações clínicas com bebês e mães, ele percebeu que o modo como a mãe “segura”, física e psiquicamente, o bebê é determinante para o desenvolvimento do self. Para Winnicott, ser uma mãe suficientemente boa  não é ser perfeita. É oferecer um ambiente que acolhe, protege e sustenta, permitindo que o bebê se sinta real e gradualmente confie na própria experiência. Nos primeiros tempos de vida, o bebê está em um estado de dependência absoluta. Ele não distingue o que é “eu” e o que é “outro”. Nesse período, o que garante sua continuidade de ser é a presença constante e sensível da mãe, capaz de antecipar suas necessidades antes mesmo de serem expressas, um gesto de empatia quase instintiva que Winnicott chamou de preocupação materna pr...
  Por que, do ponto de vista psicanalítico, o bebê não “precisa” da creche para se desenvolver: o papel do vínculo adulto-criança A pergunta sobre colocar ou não um bebê na creche toca em dimensões práticas, sociais e emocionais. Do ponto de vista psicanalítico clássico: com base em Freud, Ferenczi, Melanie Klein e Winnicott, o desenvolvimento psíquico inicial funda-se sobretudo na qualidade do vínculo com cuidadores primários. A socialização com outras crianças é relevante em etapas posteriores, mas não substitui, nos primeiros anos, a função estruturante do olhar, da presença e da regulação oferecidos por um adulto que possa proporcionar continuidade afetiva. Freud: primeiros laços e a constituição do aparelho psíquico Para Freud, a infância é o período em que se estabelecem os laços afetivos primários, fundamentais para a constituição do ego. A presença constante do cuidador primário permite que o bebê internalize sentimentos de segurança e proteção, essenciais para a formação d...